sexta-feira, 14 de março de 2008

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Faz tempo que chegou a encomenda. Corri em alegrias vultosas, se assim posso dizer sem ser consentido ao contrário, tirando a redundância e garantindo o entendimento, retornei sem ar. Olhei para as minhas irmãs, de jeito diferente e sistematizado, fiquei mais conturbado. Afinal de contas, eu disse que havia ficado feliz ou triste? Nenhum dos dois, além do fato de que não há como conjugar um paradoxo, o olhar delas não foi algo feliz.

Ficamos abaixo da árvore, grande em extensão da copa, margeando em extensas extremidades sem permitir a entrada solar ao solo. Uma rosa decai em seu rosto e eu enxugo uma lágrima. Um outro vômito permite que eu amacie o seu estômago impregnado de vermes. O que se há de fazer? Abraçamo-nos todos. O que estamos esperando? Vocês mandam calar-me, ao prazer de fazer tantas perguntas sem ter respostas, já que as perguntas são repetitivas, sem sentido e direção.

Na última vez em que entrei no mar encontrei nossa foto bentônica, cheia de barbatanas quimicamente mortais, movimentando as escamas, fazendo esforço para se afastar. Afastou-se. Permita que se vá o que veio com tanta felicidade. Felizmente, tenho que assistir a morte de vocês, minhas amigas, além do fato de comer e degustar suas carnes, sem precisar ferver em um micro-ondas.

Estamos escrevendo o último dos trabalhos juntos, você diz que tudo está ficando distante, isolado. Outra afirma que quer ser deixada por mim sozinha na mata. Se hoje está tão distante, é tarde demais, já foi isolada a muito tempo atrás. Abandonei outra na mata faz seis meses, quando a mesma foi embora. Arremesso pedras para fazer cair um objeto antigo de estudo, em cima de uma balsa rotatória, no meio do Açude da Coca-Cola.

Não percebi a gravidade das minhas palavras, mas faço seguir a ordem dos meus desejos. Vejo-lhes daqui, distante, com outros ares, outras pessoas. Vivam as suas vidas e deixe que morram dentro de mim. Que o bolo seja partilhamente digerido!

Pena que, demoro muito a perceber o que entra em ponto de decolagem. Muito custa a perceber que embarco sempre em diferentes navios.
Quantos adeuses eu acenei ontem?

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