segunda-feira, 7 de julho de 2008

Radiografia Epistemológica

Às vezes eu paro e fico pensando comigo mesmo:
"Mas que coisa chata pensar!"
É a única coisa que consigo fazer. Eu poderia fazer parte da roda novamente, mas eu teria que deixar para trás muitas defesas que tenho quando estou tentando me divertir.
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Essa doce contradição tem a ver com o meu mecanismo do "não receber". É mais fácil fingir alguma coisa do que receber e morrer?
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Sinto parecer que não há mais vida após o recebimento do que eu quero; mesmo assim, estou ficando cada vez mais esgotado comigo mesmo.
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No passado, não sei se tenho tanta certeza, tentei (e até consegui) construir uma imagem em torno de um ideal de personalidade; aquela em que todos pudessem admirar e tomar como exemplo. Bonitinho, não? Mas para mim era tão real, que não sei se foi uma boa idéia descobrir que a personalidade ideal que construí era narcisicamente ilusória. Aparentemente, é muito simples; mas acho que investi demais no passado para que agora eu recuperasse a minha fragilidade, a qual deixei fixada em uma fase oro-anal da minha infância. Gastei boa parte da minha energia adolescente em algo que não era real. Hoje, agora, olho para os frutos resultantes: Curso de Ciências Biológicas, uma banda de alguma coisa, relações familiares, amigáveis, trabalho; e penso em tudo isso como uma grande farsa do que eu não sou, do que não construí. Logo, não espero nada do meu futuro, já que não construí a minha solidez nas relações objetais; sinto o meu passado como uma não vivência, por isso (acredito) que o meu presente amarga um histórico histérico e um futuro inadaptavelmente neurótico (grande vício pleonástico!).
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Já tentei conviver mais com os meus amigos, mas acreditem, eles me ferem mais com gestos e palavras e eu com piadas fora de horário, do que quando estou sozinho. Não é que eu me tranque em casa, mas hoje em dia vou para os eventos culturais da cidade por minha própria conta. Já não sei se isso é uma boa idéia; estou ficando cada vez mais hipertenso; meu rosto parece que vai explodir, e eu também não sei o que fazer com isso; já não sei o que fazer com nada, por isso escrevo como último recurso.