domingo, 14 de setembro de 2008

Ao Senhor

O Senhor é o meu pastor e nada me faltará / retira meu olho esquerdo, Senhor, que eu te mostrarei como se vê aos olhos dos mais calmos e atentos / retira o meu olho direito, Senhor, que tu me mostrarás a vingança e o descontrole.
-
O Senhor está no meio de nós, disse o garoto, simplesmente por dizer / O Pai Celestial não ouviu / Todo Poderoso, mostrai-me o caminho certo / ainda não o ouviu.
-
O garoto saiu de si, foi buscar água pura. Mas antes, retirou sua língua com uma tesoura de recorte e a colocou dentro do copo e bebeu junto com o sangue, e disse: Û^^uûÛÛÛÛÛÛáaáááá; e disse, enfim, para sua própria cabeça, pensando que o efeito seria menor, já que palavras não seriam pronunciadas: É com esta bebida que purifico meu sangue, pelo que vês / O Senhor nada viu.
-
Resolveu sacrificar-se em nome deste Senhor, no qual tanto acreditava. Cortou os pulsos. Ficou esperando que o Mestre Supremo olhasse para a imensa atitude de fé do garoto. E o Mestre olhou, mas olhou com a face do Diabo (não que haja tanta diferença entre o Senhor e o Diabo, mas diretamente entre Deus, se assim posso chamá-lo de Lúcifer).
-
O Diabo olha para este garoto. O garoto olha para si mesmo e se enxerga na face do Diabo. Logo, enganou-se, percebeu o egoísmo de sua crença por se separar das duas faces existentes dentro de si.
-O Pai toca na pele febril do garoto e acrescenta: Perdôo os teus pecados, meu filho.
-O filho responde: Não há mais diferença.