sábado, 22 de agosto de 2009

Dernière Existence

Será que ela vai assistir?
Resistir ao acampamento?
São muitas horas até chegar a hora da festa,
no fim da tarde.

Quantas dúvidas, nobre senhor
Pergunto-me se você virá ao espetáculo
Mas nada me responde, fora um olhar vazio que solta em várias direções
E daí?
Também não é pra tanto,
Preocupar-se por nós dois... Não é tanto!

Agora é só sentar aqui
O que devemos fazer é mais nada
Não nos resta mais o que fazer aqui
Trouxe sanduíche e suco para nós
Para quê se preocupar com nossa nobre ciência
nunca fomos livres mesmo?

Sabe, é minha última vez aqui
Confesso-te as melhores e piores coisas, tento compartilhar
Mas seu olhar vazio me é suspeito
Pergunto o que você perdeu
Você não se abre
Não se diz
Não se teme
Se teme
Se fala
Se treme
Não fala
Vazio

Abraço-te e olhamos para baixo
Não há nada o que dizer
Mas há o que se envergonhar
As ondas batem de novo em nossos pés
Há nada de bonito no que se deveria enxergar
O ônibus está próximo
O vazio te pegunta quando eu vou voltar
Ele já sabe a resposta.

A tarde vai indo embora
Num sopro em respiração fria
O cantor da praça desafina e eu sinto algo tremer
Está gelando
Parando
Contida, destrói um inseto imerso em sua pele
E volta seu braço a meu torno
Pergunta outra vez quando estarei de volta

Quando nunca mais isso se tornar minha febre noturna
Ou numa apresentação do fim das minhas amizades
Quando o sempre parecer nunca mais
Ou se meus dias esquecerem dos objetos perdidos
Nesse olho vazio.

A respiração pulsa
E se vai...
Cansa... enjoa... enoja...
E agora?
Ainda bem que os amigos não são eternos
Ainda bem que não existem momentos eternos
Quão tola
Quão inútil
Quão burro

Eu já deixei todos os presentes,
Todas as cartas
Você que não existe
E o meu amor é uma confusão dançando num olho vazio
Que nada diz e tudo me duvida

Olhe para o céu e se levante
Eu olho para a esquerda
Se tu quiser, olha para a direita
Dá o teu primeiro passo
Eu sigo, em direção contrária, para longe
Você não vai olhar pra trás
Eu ando de costas
A imagem vai
Longe se apaga
O sol desceu
Você foi embora
A liberdade foi embora

Restaram todos os meus fantasmas
Que viverão comigo em minha própria dança
Cairei numa borboleta
E morrerei em seu teto
Para você soprar o meu pó
E lhe impressionar na saudade do seu quarto
Minha querida velhice
Doce velhice
Em meu violão
Em minha cama
Em meu sapato
Em minhas camisas
Em sua respiração
Seus olhos
Serei o que nunca viu

Ainda bem que não somos eternos
Ainda bem que tudo morre.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Foi-se

Caso algum dia você lembrar de mim,
eu nunca nasci, nem morri
só fui embora
para longe
muito longe...