quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Patologia desamorosa e indefinida

Sinto tremer
Não sei definir
É algo como um estrondo na cabeça que não pára pra pensar
Agora sei, sou eu
Mas ainda não sei definir.

Sinto medo, sorte, perdas, saudade
Não tenho certeza de nenhum desses sentimenos, menos das perdas
Que perdas?
A minha perda. Não consigo me encontrar
Só me lembro que poderia encontrá-la no jardim para falarmos sobre o nosso casamento
Qual casamento? Não tenho mais certeza.

A cabeça volta a pesar
Ela volta a pensar... sobre algo inexplicável que se chama:
Eu.
Pode-se representar por uma garota que se chamaria minha mulher ou minha filha
Seria realmente eu?

Vou me perder
Será?
Aonde?
Perder, perdido: já não sei o significado
Não sei definir.

A solução seria sair de casa, da mente, da mulher e da filha
Sentir saudade até não sobrar mais
Chorar até não restarem lágrimas
Gritar para não mais sobrar voz;
Deste modo eu me encontraria... me encontraria, mas não me veria: eu não tenho espelho.

O espelho pesa
Ele volta a quebrar... sobre algo inexplicável que se chama:
Você
Pode-se representar por qualquer pessoa que esteja lendo este poema
Quem seria realmente?

De novo, sinto você tremer
Não sei te definir
É algo como um estrondo nos olhos que viajam por estas palavras
Agora sei, sou eu
Mas ainda não sei te definir.

Novembro de 2006.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Re-significação

Por favor, não olhe para trás. Daqui pra frente não haverá mais texto, eu te prometo. Somente uma coisa: não sinta culpa. Sorte daquele que não sente culpa dos atos que comete. Sorte do que não se culpa pelos outros, ou pela briga que teve com o pai na semana passada.

Simplesmente, não interessa. Não olhe para trás, por favor. Sorte do que não sente culpa inconsciente. Ou melhor, sorte daquele que vive sem ter medo de morrer, porque a culpa mata, e rápido.

O isolamento do mundo reflete no isolamento das células. Também não se isole. Peça socorro às vezes, mas cuidado com quem vem lhe ajudar. Muitas vezes quem chega perto é tão isolado quanto você, e vai te cansar muito. Por isso, tenha algo fixo. Um amor fixo, uma pessoa, um objeto com que já tem confiança há muito tempo.

Nunca separe o que está dentro do que está fora de você. Muito do que é visto reflete relações interiores ou um mundo interior. Não se tem como deixar uma pessoa feliz se as relações internas que ela possui são todas dotadas de um significado triste ou confuso.

Por fim, o que passou já foi. Não adianta. O conselho vem em única palavra: re-signifique. O segredo é re-significar o passado não resolvido. Não estou pedindo para ignorá-lo, mas dar um novo significado interno do que se passou.

Você vai morrer muitas vezes por isso.

E vai se isolar muito também.

Mas, não interessa. Só não olhe para trás.