quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Compasso

Numa visão feminina das coisas, talvez tudo seja muito mais complicado de se dizer.
Dia de aniversário, ninguém diz o que quer:
-Feliz aniversário, meu amigo, muitos anos de vida, saúde e paz.
Isso não significa nada, repetindo as mesmas frases dos anos anteriores.
Ele olhou para mim, diante de um meio-fio, e me abraçou.
Não gostei:
-Só um abraço?
-E o que você queria que eu falasse? Saúde e paz?
-Não, eu queria um beijo.
O garoto se estupefou.
-
Em dezembro fazia frio,
Olhou pelo buraco da fechadura e vira um mundo estranho naquele quarto
Olhou para a amiga do lado e tornou a dizer:
-O que é isso que eu estou vendo?
-É o meu irmão nu.
-Pra quê eu tenho que ver isso? Não é nada interessante!
-É sim! Pelo menos, eu acho.
A garota não entendeu, por mais que tentasse, no mínimo sentira uma raiva estonteante, não soube controlá-la que, como de súbito, deu uma porrada na porta e a mesma se abriu, obrigando as duas amigas olharem o garoto nu. O coitado do garoto, vendo as duas meninas fora do quarto, os três se olhando sem porta, o que deveria fazer? Cobriu os órgãos como pôde, conteve-se, mas a garota falou primeiro, até antes que sua irmã:
-Ela queria que eu lhe observasse pela fechadura!
-E... você me olhou mesmo assim?
-S... sim.
A irmã iniciou um riso perverso. O garoto e a garota ficaram estupefatos.
-
A novidade bateu à minha porta. Um amigo mostrou a notícia aos meus ouvidos e ficamos felizes. Mas, no final da conversa ele bateu a porta em meu rosto com uma frase simples:
-Precisas viver por você mesmo!
O bater da porta me deixou estupefato.
Resolvi sair para esquecer um pouco minhas preocupações. Dentro de cada pisada ao chão, o próximo pé temia pisar o mesmo piso que tantas pessoas haviam pisado. Enxerguei um medo primitivo, mas, retornei a pisar cada vez mais forte.
De repente, o amigo retorna a caminhar ao meu lado:
-E então?
-Com licença, então o quê?
-Pensou no que eu lhe disse?
-Não, só resolvi andar.
-Você é um homem morto, eu odeio você!
-Ah, desculpe.
-Agora eu odeio mais ainda!
O garoto ficou estupefato, de novo. Saiu correndo para a rua, tentando atravessá-la. Sem olhar para os lados, observou que um carro vinha em sua direção, se velocidade ainda pode ser medida, esta era alta. Olhou para o carro bem próximo e imaginou tudo isto antes de morrer:
-Não, eu queria um beijo!
-E você me olhou mesmo assim?
-Precisa viver por si mesmo.

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