terça-feira, 29 de abril de 2008

A Teoria dos Ciclos Repetitivos II

Tomo um copo de água
O fundo se alimenta de um novo ser
Relativo, chocante, é sempre a mesma coisa
Pensando, a relativa chance de viver.
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Diante das últimas sonoridades, deixo o novo passar pela porta vazia
Relacionando as notas e vexames passados
Derivados de uma obscura escrita
Encontro-me num sul, na ponta de um novo ser sentado.
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O momento crucial
Aquele que se enovela em várias possibilidades
Deixando marcas num chão sensorial
Precipitando o fim da minha insanidade.
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Vejo chão, mar, tesouro, tudo
Para onde foi todo o mundo?
Um pé que sustenta uma boca vazia
A dor do presente cansa a vida escrita.
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A dor do presente cansa o sentido
A mudança gerou o medo do seu olhar
Para onde foi, agora, a sentença do nosso mito?
Faltou coragem para saber quando voltar.
-
O contrário absoluto da sentença de pensar
É escolher a pólvora que vai abrir dentro do seu corpo
Como um torpor a findar o que restou antes de lembrar
O que seria, antes, um simples grito de socorro.
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Está na hora de olhar ao redor e enxergar as repetições
Na hora de olhar no outro e sentir-se dentro dele
O simples sinal angustiado, das mesmas canções
Que ouvistes na infância, diante da inacessível sede.
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"A garota reverenciou o passado e a mãe interveio
A mulher abraçou o marido
Cobriu o pé da filha e foi dormir.
A criança reverenciou a mãe e o passado interveio
O marido abraçou a mulher
Cobriu o seu próprio pé e pulou do vigésimo andar.
Salvou a família,
Mas, reverenciou o passado e o cérebro interveio
Reverenciou a mãe e o futuro não existiu mais."
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Enxergar todo o dia dentro de seus olhos baixos
De sua cabeça pequena e cabelos claros
Cantar a mesma ilusão dentro de um copo seco
Onde eu parei, sentado, a enxergar o fio de seu cabelo
É a mesma coisa que...
mesma coisa que...
...
...
Os pontos costumam soletrar tudo o que corrijo esconder
Diante da omissão presente nas emoções
Diante da última possibilidade em que se escolhe perder
No copo seco, vazio de conteúdo, mas cansado dos sermões
Que, no fundo, se alimentou de um novo ser
Pensando na doce ilusão de sobreviver.
-
O último ponto
É o ponto que recomeça.
O fim é o fim;
O ponto é o ponto.
Acabou!

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