segunda-feira, 7 de abril de 2008

O Medo

Eu tenho medo
Do próximo passo
Do próximo grito, piso, riso, abraço...

Não pensei que chegaria a este nível
Pensei que iria conseguir ultrapassar a porta sem perder alguma coisa
Agora eu penso em perder
Não tenho escolha
E temo.

Talvez eu pare
De escrever músicas, letras
De encantar o que penso que encanto;
Talvez eu pare de controlar
O que eu não posso controlar.

Fica tão claro e óbvio
Já sei as feridas que terei de cicatrizar;
Entendo que não posso mais colocar o meu primeiro passo em você,
meu caro amigo,
Entendo que não posso mais fingir que não prefiro chorar na hora certa.

O grito é tão interno
Tão eterno!
Aparece em abcessos e vai embora
São momentos
Internos e eternos.
O que acontecerá quando isso passar?
Espero que não passe nunca
Em quem vou depositar o meu primeiro passo?
Não tenho ninguém fora "eu mesmo".

Nem a minha escrita me deixa fugir
Por isso não tenho escolha
Não temo perder ou esquecer o que está aqui
Temo em esmagar o passado construído
Posso me perder no próximo passo.

Então, que se perca!
Logo, já canso!
O cansaço reina enquanto eu escrevo isso
E tenho que parar
Esquecer
Preservar as últimas lembranças do passado
Que logo, sumirão;
O monstro poderá emergir
E eu poderei chorar nos braços cansados da mãe.

Fim

Nenhum comentário: