sábado, 7 de novembro de 2009

Morte

O apóstolo fixou o olhar para o céu pela última vez. Lembrou-se de sua melhor amiga, dos beijos doces de sua mãe, e da utópica raiva que sentia por si mesmo. Lembrou das diversas festas de despedida que fez com seus amigos ao longo de suas viagens, e imaginou o olhar de cada um; sentiu-se abraçado e a respiração de cada um. E do abraço de sua mãe, de suas tias, dos seus netos e de seus avós. Viu, então, que nada disso valia a pena agora, no último minuto, uma vez que nenhum deles estava mais ali para pelo menos o carregar nos braços ou chorar por ele.
Estarreceu-se quando observou tudo passando por seus olhos. Nada fica, constatou. Tudo passa e sobra o pó. A vida se esvai como pó. Todos os sorrisos e choros se tornam inúteis.
Na solidão do si-mesmo, entendeu que as lembranças só atrapalham, as lembranças só frustram. Assim, se arrependeu de ter vivido,
Num segundo, a vida se esvaiu em pó,
As lembranças se foram
E sua memória será uma fantasia na mente alheia, por toda a eterninade:
E que a fantasia seja feliz enquanto dure.

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