Assista as linhas em sua mão.
-mamãe, o que devo fazer!?
Uma visão de morte muito próxima.
-e agora, professor!?
A pena do assassino diante do corpo da vítima.
-não me lembro.
-e agora?
Assista as lindas mechas loiras de seu cabelo;
Contorne os olhos cintilantes que a ti nada querem dizer.
Diga a si que ainda haverá esperança;
Permita-se esperar sempre um pouco mais.
Talvez ela volte e te diga um bom dia outra vez.
Os olhos margeiam
Só margeiam.
-o senhor me perguntou o que fazer?
Ele decidiu ficar esperando outra vez.
Uma outra imagem da minha infância, aos senhores desesperados por ela;
Mandem-me de volta para a segunda série;
Eu te mostrarei quem eu sou;
Talvez, somente um olho margeado.
É hora de levantar da cadeira.
-quem será o meu assassino?
-descobrirei mais cedo aqui esperando?
E o assassino aparece.
-já sei! Contemplar as mechas loiras...
contemple-a
como se fosse uma última vez
e foi...
MODELAÇÃO UM
O que se esvai da percepção, amigo;
É que fugir do que não é;
Repete futuros não és;
Sempre se perguntando a razão da mecha sempre continuar ali;
Porque não morreu por completo.
-então mais que merda é essa?
-até quando tenho que revê-la?
-já não sei que se abrem mais feridas
-já não sei o que você significa
-sei que tenho que deixar você partir.
Escapo do meu sonho outra vez.
Enxergo todos como uma projeção mal realizada
Mal-inferida
Organizada
Mau!
Mas, se são meus amores?
Odeio a todos.
Odeio e amo a mim de forma não realizada
Então, ninguém complementará
A não ser a mecha loira
Que me fez cair de uma cadeira aos seis anos de idade
Já não há como não ser
E ser, sendo, não há.
Pare outra vez e pense um pouco mais
Outra vez
E mais outra. Canse.
Assista as linhas em sua mão.
Não haverá nenhuma forma de se compartilhar com outro a não ser através da fusão.
Não há outro meio de se conhecer através da fusão com os outros
Com outras personalidades
Com outros seres.
Assim como o assaltante e sua vítima.
Não margeie olhos
Não há porque fingir ou se assustar
Um segundo é um único segundo
Um segundo já é o bastante
Pode dizer a todos o que se sente
O outro não passará de uma imagem do seu desejo
Deixe a mecha loira desabar num esgoto próximo
numa estrada próxima
mas, sempre na frente de alguém
sem que se veja
Já é hora de não deixar as coisas margeando.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
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